Silvio Colin
Os cinemas Metro eram as melhores salas de projeção do Rio de Janeiro. Dizia-se que o cinema era a maior diversão, mas isto era pouco. O cinema foi o mais abrangente meio de comunicação de massas, um dos responsáveis pela recuperação econômica dos Estados Unidos após a queda da bolsa de Nova Iorque de 1929 e pela disseminação da cultura americana pelo mundo afora. Foi com ele que se iniciou o processo de muldialização da cultura.
Diferentemente dos outros estúdios, A Metro-Goldwin-Meyer construía suas próprias salas de projeção, que eram modelos de conforto e qualidade. Um crítico de cinema dos anos 1950, Adolfo Cruz, que mantinha o programa Cinelândia Matinal, na Rádio Nacional do Rio de Janeiro, dizia que era tal o conforto do Metro Passeio, que muitas pessoas pagavam o ingresso, que era bem mais barato do que os padrões atuais, apenas para utilizar os banheiros do cinema.
O Rio de Janeiro teve três cinemas Metro. O Metro Passeio, inaugurado em 1936, no Passeio Publico, projetado com 1397 lugares, o Metro Tijuca, de 1941 e o Metro Copacabana, do mesmo ano, todos projetados por Robert Prentice e seus colaboradores. O Metro Tijuca e o Metro Copacabana foram demolidos no final dos anos 1970. O Metro Passeio foi substituído pelo Metro Boavista em meados dos anos 1960, e foi desativado no final dos anos 1980.
Fig. 2 – Plantas baixas da sala
Apresentamos a seguir a matéria publicada pela revista Arquitetura e Urbanismo de Novembro/Dezembro de 1936, época da inauguração do Metro Passeio, de muita importância cultural, mas também instrumental, pois sua análise que poderá ajudar os estudantes a entender os problemas espaciais e estruturais das grandes salas de espetáculos.
O cinema Metro do Rio
E’ proprietária do Cine Metro, a firma Loew’s Inc.de Nova York, empresa que possui mais de 350 cinemas espalhados pelo mundo. Os representantes que mandou ao Rio definiram, pois, convenientemente o programa do cinema a construir aqui. E, si bem que não hajam intervindo no trabalho do arquiteto, prestaram serviço valioso, por isso que são técnicos experimentados no assunto.
Fig. 3 – Corte longitudinal
Sao eles os Srs. Harry Moskovitz, chefe do departamento de Construção de Loew’s Inc. e os engenheiros H. Wiener e E. A. Stillman. E’ de plena justiça mencionar, ainda, o nome do nosso distinto colega Adalbert Szilard, principal colaborador do arquiteto Prentice. Examinando o edifício Metro, nota-se logo que o arquiteto empregou o máximo do seu zelo e esforço na idealização da sala de espetáculos. Com efeito, as suas proporções são dignas de encômios; a sua perspectiva é grandiosa. Vigas de 30 m. de vão suportam os escrit6rios e o terraço situados sobre o cinema.
Não há galerias laterais; as cadeiras são dispostas em curva; a sala é do tipo Stadium e tem a forma trapezoidal; o gabarito da galeria nobre foi bem traçado. A visibilidade é perfeita de qualquer ponto. E nada perturba a amplidão do recinto que é incontestavelmente belo.
Uma escada de traçado original liga a galeria nobre à platéia. A decoração escultural é da lavra do arquiteto Prentice; mas a pintura foi executada de acordo com o projeto de Battisti Irmãos, de Nova York. Alem das qualidades assinaladas, o Cinema Metro apresenta duas novidades para o Rio: o tratamento acústico e o condicionamento de ar. Os cálculos acústicos demonstraram a necessidade do emprego de materiais absorventes para se obter o tempo certo de reverberação. Assim é que a parede posterior foi revestida com feltro de 1″ de espessura e os painéis do teto foram perfurados com desenhos decorativos. o tempo de reverberação, calculado pelo formula de Sabine, e de 1.96 segundos para a sala quando vazia, e de 1.53 para quando lotada.
Fig. 4 – Vista interior da sala (tela)
Fig. 5 – Vista interior da sala (platéia)
Fig. 5 – Vista interior da sala de espera
Imagens : Revista Arquitetura e Urbanismo de Novembro/Dezembro de 1936. P. 196 a 202.
Veja também:
http://webinsider.uol.com.br/2010/06/04/ascensao-e-gloria-dos-cinemas-metro/
Penso que me viciei no seu blog… rsrs
Linda esta postagem… Parabéns, pelo cuidado!
O METRO BOAVISTA ainda está lá a espera de que algum empresario, grupo de cinema ou patrocinador façam-no reviver como a Fenix. Outros exemplos já ocorreram como o METRO de Bombai na India o do Cairo no Egito, o de Valpariso no Chile. Todos mantêm a grife METRO mas pertencendo a uma empresa local.
Em Bombai, por exemplo, o METRO exibe principalmente as produções de Bollywood.
Gostaria de saber a data exata do fechamento do cinema Metro Boavista. Obrigado.
Fechou em 28 de abril de 1997. O ultimo filme foi A RELIQUIA
Grandes saudades. Que saudade quanto assisti o belo filme A FILHA DE RYAN. Imensas dores com saudades de tudo.
assisti no metro boa vista ao primeiro indiana jones. espetacular! *e, sim, a sala fechou no final dos 90s, não dos 80s. e, continua lá, fechada ;(