Arquivo da categoria: História da arquitetura

Forma Estrutural – I

Vinheta

A Forma Estrutural na Arquitetura

Silvio Colin

INTRODUÇÃO

A ideia de fazer beleza com a estrutura do edifício não é nova; ao contrário, é tão antiga quanto a ideia de arquitetura. Os elementos estruturais – muros, pilares, vigas – sempre foram pensados não apenas como elementos portantes, mas também como um substrato de formas decorativas. Assim foi nas arquiteturas proto-históricas com os relevos decorativos dos grandes muros das cidadelas assírias como nos templos egípcios.

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Oscar Niemeyer

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No dia 15 de dezembro deste ano, Oscar Niemeyer completaria 105 anos. Um capricho do destino o levou dez dias antes deste extraordinário aniversário. Para quem sempre declarou que a vida é mais importante que a arquitetura, este feito é uma outra grande obra a colocar em sua galeria. Mas o Niemeyer do público é diferente do Niemeyer dos arquitetos, e é sobre isso que eu desejo falar, do que Oscar significa para nós e dessa diferença entre os dois. Penso que entre Oscar Niemeyer e os arquitetos existe uma relação edípica, daquelas bem atrapalhadas, com filhos ressentidos e pai ausente e não declarado.

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Venturi se aposenta

Vinheta

Complexidade e Contradição na Vida:

Venturi sai de Cena

Silvio Colin

O mundo da arquitetura ficou menor, menos inteligente, com menos vitalidade desordenada, mais chato, mais logocêntrico, mais previsível,  mais formal. É que Robert Venturi saiu de cena. Retirou-se, juntamente com sua mulher, sócia e parceira há 45 anos, Denise Scott Brown, da direção da firma Venturi, Scott Brown & Associates, Inc., afastando-se das atividades projetuais e dos encargos que um escritório do porte do seu lhe trazia. A firma, aliás, mudou de nome; passou a ser  VSBA,Llc. E será dirigida por Daniel K. McCoubrey e Nancy Rogo Trainer.

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Os pilares de Mies*

Os pilares de Mies

Silvio Colin

Pilar do Pavilhão de Barcelona

Neste texto faremos uma análise  de um simples elemento – um pilar – em três momentos diferentes da obra de Mies van der Rohe, quais sejam: no Pavilhão de Barcelona, no início de sua carreira, na Bauhaus; No Crown Hall, quando de sua migração para os Estados Unidos; e na Neue Nationalgalerie, na sua volta a Berlim. Pensamos que  esta análise pode nos revelar muito sobre as modificações de seu pensamento com o decorrer do tempo, e mesmo lançar alguma dúvida sobre a correção de sua sentença construtivista, em que ele diz não reconhecer problemas de ‘forma’, mas apenas questões de ‘construção’, dita em uma época em que se discutia muito os fundamentos do que seria depois conhecido como Movimento Moderno na Arquitetura, no princípio dos anos 1920. Naquela época, Mies pertencia ao grupo que publicava o periódico G – de Gestaltung, ‘estrutura’ – e mantinha muitos contatos com o movimento holandês do Neoplasticismo, divulgado pela revista De Stijl. Continuar lendo

Morfologia das Igrejas Barrocas II

Morfologia das Igrejas Barrocas no Brasil (II)

O PERÍODO DE MINERAÇÃO

Com a descoberta de ouro em Minas Gerais, na virada do século XVII para o século XVIII, a configuração político administrativa do país desloca-se do Nordeste para o Centro-Sul do país. Já em 1572 o Brasil tinha dois governos, um no Rio e outro em Salvador, o que contribuiu para o desenvolvimento da cultura da cana-de-açúcar na região fluminense. Em 1763, o Rio substitui Salvador como capital do vice-reino e torna-se o centro do poder econômico e político no Brasil.

A este momento histórico corresponde também uma mudança na organização política na igreja e morfológica nos templos. As igrejas das ordens monásticas vão perder espaço em termos de construção para as igrejas paroquiais e das confrarias, que consistiam em sociedades religiosas de leigos que tiveram papel ativo em vários setores da religião, política e cultura. As mais importantes são as do Rosário (muitas destas propriedade dos negros), as Ordens Terceiras do Carmo e de São Francisco – redutos aristocráticos muito fechados, e as Irmandades do Santíssimo Sacramento. Estas muitas vezes construíam templos mais grandiosos e luxuosos do que as próprias ordens.

Passo da ponte seca - Cópia

Passo da Ponte Seca Continuar lendo

Prairie Houses

Prairie Vinheta

Prairie Houses

Diferentemente do que o nome pode sugerir, não se trata de casas rurais (Prairie Houses que dizer “casas da pradaria”) mas de casas urbanas nos subúrbios de diversas cidades nos estados de Wisconsin [Spring Green] e Illinois [Chicago]. O nome reflete a característica de sua implantação horizontal em grande área plana. Nos dez primeiros anos do século XX, Frank Lloyd Wright construiu mais de cem Prairie Houses. Eram casas  para famílias abastadas, situadas em áreas verdes, funcionais, com uma articulação volumétrica e uma sintaxe espacial muito próprias. Geralmente com partido em cruz ou duplo “T”, envolvendo a lareira – centro de força e ponto de cruzamento dos eixos imaginários. As áreas se sucedem de acordo com sua conveniência recíproca. Apresentavam lajes com grandes balanços e telhados pouco inclinados, e longos renques de janelas em seqüência.

Coonley House - Cópia

Avery Coonley House. Riverside. Chicago. 1907-8 Continuar lendo

Arquitetura do Século 21-I

10 MUSEUS DO SÉCULO XXI

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MUSEU DE ARTE DE GRAZ 

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Graz, Austria. 2003. Arquitetos Peter Cook e Colin Fournier

Área bruta 13 000 m2

Trinta anos depois do fechamento da revista Archigram, um de seus editores, Peter Cook, juntamente com Colin Fournier, dão vida a um edifício que em muito lembra as fantasias do antigo grupo. O “simpático alienígena”, como foi apelidado pelos austríacos, a nova estrutura biomórfica entre os telhados tradicionais tenta estabelecer um diálogo produtivo entre tradição e vanguarda. Segundo os arquitetos a proposta é que o edifício seja uma ponte onde passado e futuro se encontram. Qual uma bolha de ar, a pele azulada cintilante do museu flutua acima do seu piso térreo com paredes de vidro. Abrangendo até 60 metros de largura, a construção biomorfica envolve duas salas de exposição, sem grandes suporte adicional.

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Estilo Internacional-II

Christian F. Otto 1 

Tradução de Sílvio Colin

Desenvolvimento do ESTILO INTERNACIONAL –

A crise econômica dos anos 30 não impediu que por todo o território dos Estados Unidos se construíssem edifícios com estas diretrizes estilísticas, seja por arquitetos que já as haviam assumido, como Neutra, Howe e Lescaze, seja por outros novos praticantes que a eles se uniram. Durante a década ocorreram mudanças substanciais no campo do projeto: a arquitetura tradicional começou a interessar-se pela espontaneidade no uso dos materiais, pela sensibilidade com que se acomodavam os edifícios ao terreno e pelas condições climáticas do lugar. Começou-se a analisar o que havia dado de si cinqüenta anos de arquitetura californiana de madeira de secoia e as repercussões do clima nas soluções de projeto, as características dos materiais, a madeira laminada e o contraplacado, o plástico e o metal, atraíram a atenção dos profissionais. Olhou-se para a pre-fabricação como meio de “aumentar a economia”. Continuar lendo

Morfologia da igreja barroca no Brasil – I

Silvio Colin
 

MORFOLOGIA ESPACIAL

A BASÍLICA

Muito se diz que a Igreja Católica deve sua rápida expansão à infra estrutura que herdou do Império Romano. Isto é verdadeiro também quando se fala da forma das igrejas. Uma das formas de edifício principais utilizadas na Idade Média para o culto cristão era a basílica, um edifício que, em sua origem nada tinha a ver com o culto.  Tratava-se de um edifício de múltiplos usos, de caráter representativo, servindo como mercado, edifício bancário e bolsa, sala de justiça e simples ponto de encontro[1].

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Concursos marcantes do século XX

Silvio Colin

Nossa intenção, neste texto, é nos debruçarmos sobre os grandes concursos internacionais de idéias de arquitetura do século XX e explicarmos algumas de nossas considerações sobre estes. Na verdade, os arquitetos prezam, não sem razão, a premiação em um concurso. É um galhardão. Algo assim como ganhar um Oscar. Entretanto, na maioria das vezes, os resultados dos concursos tem um caráter conservador, ou mesmo reacionário, e muitas vezes são um entrave para as idéias novas. No século XX houve honrosas exceções, dentre as quais talvez a mais importante tenha sido o concurso do Centro Pompidou, que deu ao mundo os primeiros vagidos da arquitetura high-tech, mas na maioria dos concursos importantes, prevaleceu o conservadorismo. Falaremos de três concursos, marcos do Movimento Moderno, pela consideração e estudo das propostas descartadas de grandes mestres como Walter Gropius, Le Corbusier, Hannes Meyer, Eric Mendelsohn, Moisei Ginsburg entre outros: o concurso do Chicago Tribune, o Palácio dos Sovietes e a Liga das Nações. Continuar lendo