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O Pensamento Fraco em Arquitetura II

Vinheta PF 2

MONUMENTO

A posição antimonumento do Movimento Moderno justificava-se por ser o monumento uma prática da arquitetura do passado, tanto imediato como remoto, uma prática vitoriana que urgia substituir. Além disso, próprio nome “moderno” já traz, em si, o sentido do último, do mais recente, ao qual nada sucederia. Havia um sentimento de que era necessário romper com o passado. Os argumentos eram políticos, estilísticos, econômicos e retóricos.

Toda a arquitetura da modernidade, anterior ao século XX, fora construída sob o signo da ordem aristocrática ou burguesa, para exercer ou manifestar o seu poder. A arquitetura monumental não apenas representava este estado de coisas, como ajudava a mantê-lo. Os estilos, “qual plumas na cabeça de uma mulher” [1], no dizer de Le Corbusier, não tinha mais razão de ser. Por outro lado, a crescente urbanização trouxe para a arquitetura o tema da economia, não somente de recursos, mas também de “energia” psíquica, como diria Adolf Loos, de espaço, de formas. Le Corbusier argumentava que “Não temos mais dinheiro para construir monumentos históricos” [2]

Monumento a Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht.Cor Mies . Berlim, 1926. Continuar lendo

Croissant de Ipanema

Vinheta Croissant

A Associação de Moradores de Ipanema pediu há uns três anos, e o governador do Estado do Rio vai atender, segundo a publicação em um Jornal carioca, o fim de uma cobertura de acesso ao Metrô situada na Praça General Osório, em Ipanema. A construção é chamada pejorativamente de “croissant”, e qualificada de “horrorosa” e “trambolho”, pela coluna de Ancelmo Gois de “O Globo”. Segundo a coluna, a estrutura será substituída por outra “que parece se integrar melhor à paisagem da praça.”

Croissant de Ipanema - Cópia

Entrada do Metrô da Praça General Osório. O “Croissant”.

Nova entrada do metro

Futura entrada do Metrô da Praça General Osório.

O fato é expressivo por diversos aspectos que, juntos, atestam para a indigência de nossa critica arquitetônica e também para mau uso que fazem desta os jornalistas, certamente despreparados para tal função, mas que ocupam um espaço deixado vago por nossos profissionais. Continuar lendo

Novo Urbanismo. Cidades de pedestres

Extraído de http://www.newurbanism.org/pedestrian.html

Traduzido por Silvio Colin

Imagem <www.newurbanism.org>

Projetar grandes áreas para o conforto e prazer do pedestre é um dos aspectos mais importantes de Nova Urbanismo.  Os melhores lugares do mundo para se viver são cidades com redes inteiras de ruas sem carros, conhecidas como cidades de pedestres. Continuar lendo

Contexto no contexto

Denise Scott Brown

Trecho do livro Architecture as signs and systems: for a mannerist time de Robert VENTURI e Denise SCOTT-BROWN (Cambridge,MA: Belknap/Harvard, 2004. P. 175-181.).

Tradução e edição de Silvio Colin


No texto abaixo, Denise Scott Brown fala da questão da inserção do edifício em seu contexto. A arquiteta e seu marido, Robert Venturi têm uma visão única e original sobre o problema, visão esta que é confirmada em seus projetos, cujo ponto de ataque é, no mais das vezes, a relação com o meio ambiente que o envolve.  As ilustrações foram selecionadas por mim.

Caminhando em Amsterdã em uma rua de casas datadas do século dezenove, eu notei uma casa original do século XX. Sua data era difícil de precisar. A completa ausência de ornamento e a proporção das janelas sugeria algo em torno de 1930, mas poderia  ser de 1950 ou mesmo uma versão modernista de 1960. Ai eu vi que uma bandeira sobre a porta frontal fora copiada do edifício vizinho. Isto indicava a procedência de um pós-modernismo de 1980. Você pode afirmar a procedência PoMo[1] pelo que foi emprestado do edifício vizinho. Um arquiteto moderno teria desprezado tal atitude. Continuar lendo