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Ecletismo IV

Silvio Colin

O Ecletismo chegou ao Brasil da mesma maneira que o Neoclassicismo, como influência cultural direta das poéticas européias. A diferença, é que aqui não havia ainda um processo autóctone de industrialização, sendo os materiais e técnicas, em sua grande maioria, importados, assim como também eram importados os processos culturais. Podemos ainda dizer que a passagem do Neoclassicismo para o Ecletismo é um processo gradual, gerado no interior da “Academia”. Até os anos 1870, ainda podemos ver edifícios rigorosamente neoclássicos. A partir daí, o ecletismo vai aparecer, de maneira quase absoluta, até os anos 1930, deixando pouco espaço para outras manifestações como o Art Nouveau, o Neocolonial e as poéticas pré-modernas do Classicismo Tardio e do Art Déco.

Palácio Tiradentes – Rio de Janeiro. Neobarroco francês.
Projeto: Memória & Cuchet, 1921. Imagem <mishappa.image.pbase.com> Continuar lendo

Ecletismo na arquitetura II

 

Silvio Colin

Para o bom entendimento da arquitetura eclética cumpre distingui-la dos revivalismos da primeira metade do século XIX: a chamada “Batalha dos Estilos”. Esses revivalismos eram lastreados por uma posição teórica, tão firme quanto possível, na época, e em muito diferente das posições do Ecletismo.

O revivalismo é uma prática arquitetônica que consiste no uso de formas, figuras e soluções técnicas de uma determinada época do passado, admiradas por sua excelência, para solução de um problema presente. O primeiro revivalismo desse momento histórico foi o Neoclassicismo, motivado pelo Iluminismo, pela cultura acadêmica dos enciclopedistas, e pela Arqueologia científica. Aspirava à substituição da linguagem barroca tardia, então desgastada e repudiada, juntamente com a aristocracia e o clero “de direito divino”, que estavam sendo derrotados pelas forças burguesas e pequeno-burguesas.

Neoclassicismo: Petit Trianon, Versailles, 1762-68. Jacques-Ange Gabriel.
Imagem: http://www.tam.itesm.mx
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Ecletismo na arquitetura III

Silvio Colin

Os códigos estilísticos, ou tipologia estilística, não são um fato novo na Arquitetura ocidental. Vitrúvio já os mencionava, ao dizer que a ordem dórica deveria exibir “as proporções, força e beleza do corpo do homem”; a ordem jônica manifestava “a esbeltez da mulher”; a ordem coríntia “admitia efeitos mais belos”, inspirando-se “nos contornos e membros de uma donzela” [1]. Nesta linha, Serlio [2] interpretava o mestre com cores católicas sugerindo a ordem dórica para “Jesus Cristo, São Pedro, São Paulo e santos mais viris”; a ordem jônica para Nossa Senhora, santas matronas e santos mais “doces”; a ordem coríntia para “santas donzelas”. No século XIX, os códigos estilísticos foram ampliados, não somente no sentido vertical, incluindo o Egito e as arquiteturas medievais, como também horizontalmente, incluindo as arquiteturas exóticas da Índia, China, Japão, Islã etc. É a partir desta inclusão que passamos a falar de ‘Ecletismo’. Continuar lendo

Bruce Goff

Silvio Colin

A beleza explode quando é necessário; o artista a sente por dentro. E nenhum desalento pode detê-lo. (Bruce Goff)

Quase um desconhecido dos estudantes brasileiros, Goff é uma das maiores expressões da arquitetura romântica americana, utilizando-se sempre de materiais alternativos e formas inusitadas para expressar a sua explosiva criatividade.

Bruce Alonzo Goff nasceu em Alton, Kansas, 08 de junho de 1904. Foi uma criança prodígio. Com doze anos, foi aprendiz na firma Rush, Rush e Endacott de Tulsa, Oklahoma, e tornou-se sócio da empresa em 1930. Ele é autor, juntamente com sua professora de arte Adah Robinson, do projeto da Igreja Metodista Episcopal de Tulsa, na Boston Avenue, um dos melhores exemplos da arquitetura Art Déco nos Estados Unidos.
Igreja Metodista Episcopal de Tulsa. 1927-9. Adah Robinson e Bruce Goff. Imagem http://imaginativeamerica.com Continuar lendo